domingo, 3 de junho de 2012

SARAU DO BINHO.


INFORME SOBRE O SARAU DO BINHO

Sarau do Binho

INFORME DO SARAU DO BINHO : “O Sarau do Binho Vive!” O Sarau do Binho, por meio de um coletivo de artistas, vem a público agradecer as diversas manifestações, apoio e solidariedade sobre o fechamento do bar onde ocorre o sarau. O bar tem CNPJ e paga seus impostos, porém não conseguiu tirar o seu alvará de funcionamento e por este motivo vem recebendo multas, o que nos obriga ao fechamento do est...abelecimento. Apesar das dificuldades que todos os saraus têm para sua realização, ficou claro, por meio das múltiplas manifestações e apoio que tivemos aqui, a força que os movimentos culturais de periferia têm. A discussão não é o simples fechamento do bar por falta de um alvará, e sim a garantia da liberdade de expressão humana e artística a que o povo tem direito. Todos os movimentos que produzem cultura, nos diferentes pontos da cidade, são legítimos articuladores e protagonistas na transformação das periferias e de uma cidade humana. . Pelo direito a toda forma de expressão, ao encantamento, ao amor e a poesia! O Sarau do Binho , nesta próxima segunda, dia 04, será realizado no Espaço Cultural CITA na Rua Haroldo de Azevedo, nº 20 - Praça do Campo Limpo às 21hs. Pelo Direito a Arte e a Cidade. Obrigado a todos, juntos somos fortes!

SARAU DO BINHO

Sarau do Binho é um encontro entre poetas, artistas da música, do teatro, das artes visuais, agentes culturais,professores, estudantes, PESSOAS! Reunem-se semanalmente às 2ªs feiras para ouvir e falar poesia. A troca é pura energia! Vivemos numa época em que as pessoas se queixam de que as RELAÇÕES HUMANAS são superficiais e não se sustentam, os conflitos crescem em todas as áreas e as linguagens não são compreendidas, precisamos nos dispor a olhar com o intuito de aprender....



Lesmas comandadas por raposas (e o fechamento do Sarau do Binho )



Por Allan da Rosa

"Pedem um comprovante, Binho leva e volta com uma exigência de novo atestado. O tal atestado vai e aí pedem uma conta carimbada. Vai o borderô e Binho ganha a missão de levar um outro certificado. Levado esse protocolo é a vez de esperar algumas semanas antes de reclamarem outro papel. Há anos vai em arrasto de lesma a situação comandada pelas raposas pra soltarem o divino alvará. 

Isso pra funcionar o bar, onde acontece o Sarau do Binho. Só que o bar do Binho é dele e de sua família, seu sustento. Mas o sarau não é mais, há tempos. É praia e viela da comunidade, é centro cultural e fortaleza, fórum e cozinha. 

Doce contradição: este sarau, o mais antigo e dos mais cooperativos de São Paulo, mesmo levando o nome de seu idealizador tem a agenda guiada pela demanda da comunidade. Quase toda semana chega alguém, algum coletivo, com um livro pra lançar, uma urgência pra debater, uma animação pra projetar. O “Sarau do Binho” tem a pauta levada pela beirada da zona sul e não é uma marca que visa crescer o ibope do Robinson. É um encontro com o encanto, com estética, com a política. 

Ali, toda segunda-feira, onde já passaram milhares ou milhões de pessoas e nunca houve uma agressão física, acontecem cirandas, mesas redondas, projeções de filmes, exposições de quadros e esculturas, apresentação de teatro, rodas de capoeira. E além disso tudo, declamação. 

Ali esquentamos e aprofundamos temas como o genocídio indígena, o machismo assassino, os movimentos afro-brasileiros, a especulação imobiliária, as diferenças entre educação oficial e comunitária, a tal democracia representativa. Trocamos idéia e vivenciamos cultura nordestina, argentina, japonesa, angolana, etc. Proseamos sobre nostalgia, espiritualidade, paternidade, desespero... Ali também já vogou um naipe de debates sobre questões estéticas como figurino cênico, direção teatral e dramaturgia, realismo e fantasia em literatura, luz e roteiro em cinema, enquadro e diafragma em fotografia, timbre e melodia em música, composição e volume em artes plásticas, entre tantos. Entrelaçados e fundamentados por Poesia.

Ali construímos amizades sólidas e flexíveis, aprendendo a apreciar, a perguntar e a discordar. Ali chegou gente de toda América do Sul, do Norte, de África, da Europa, da Ásia. Veio até gente de outros bairros de SP que parecem ser outro país.

Na atual gestão da prefeitura de São Paulo absolutamente nada é decidido junto com o povo. Na virada do ano o orçamento daqui da região da M´Boi mirim teve corte de 46%, já o de Pinheiros cresceu 12%. Assim bailamos entre a correia da burocracia que paralisa e o chicote medroso dos politiqueiros. Pra eles somos apenas a lista de despejados, a mira pra PM que de novo chega em seu ápice homicida, a massa pra consumir show, a população na sola dos coturnos das sub-prefeituras, todas hoje comandadas por coronéis e marechais.

O lacre na porta do bar, a mordaça no sarau, tem a ver com o perigo de nossa formação política, de nossa sensibilidade sendo educada, autônoma?

Nossa garganta seca na sede de Poesia. Nossos ouvidos queimam por tanta hipocrisia. Poesia de amor, de dúvida, de luta, de geografia, de matemática, de solidão, de movimento.

Clamamos pela nitidez, pela definição nos processos de recolha dos documentos exigidos para o alvará de funcionamento do bar do Binho!

Pelo retorno imediato do Sarau do Binho!"


Manifesto em apoio ao Sarau do Binho (por Serginho Poeta)


Manifesto

No dia 28 de maio de 2012 o nosso amigo Binho, brilhante batalhador pela cultura e pelas causas sociais pode ter realizado seu último Sarau. Ao menos foi isso que nos foi dito no bar, que encerra suas atividades por conta de uma multa de R$ 8.000,00 imposta pela prefeitura, que embargou o bar por este não possuir alvará. Binho tentava conseguir um alvará junto à Prefeitura há muitos anos e não conseguia receber. O barato é pessoal e premeditado.
É direito do povo manifestar-se e apresentar suas criações artísticas, discutir questões de suma importância para toda a sociedade como foi feito várias vezes no Sarau, e que não precise do crivo das instituições governamentais, que seja espontâneo, feito onde o desejo coletivo criar. Devemos respeitar os direitos de outrém, mas não podemos aleijar todo um grupo de trabalhadores que fazem do espaço seu ponto de encontro para comungar a arte, em forma de cinema, teatro, poesia, dança, pintura e tantas outras que por lá passaram.
No espaço muitas pessoas até então invisíveis no meio da multidão dessa megalópole, se descobriram, seja para suas realizações artísticas, seja para o exercício de sua cidadania, portanto entendemos que não pode assim, simplesmente acabar um projeto tão importante para o desenvolvimento da nossa cultura.
O Sarau do Binho já não nos pertence mais, é de toda a nação, uma vez que muitos projetos culturais tomaram-no como inspiração, em lugares remotos da cidade; do Estado, haja visto a participação no Circuito Sesc, onde percorreu várias cidades do interior de São Paulo e foi visto por milhares de pessoas; e do país, onde compatriotas de diversos estados enviam mensagens de agradecimento ao ter passado por nossa cidade e podido participar deste encontro tradicional de segunda feira.
É preciso muito mais que talento para continuar fazendo arte em um país onde apenas o produto cultural interessa aos patrocinadores da cultura, onde a grande mídia vira as costas para as tradições que não se enquadrem nos seus modelos, vide o Carnaval que surgiu de uma necessidade tão legítima e se tornou um grande negócio para as grandes marcas, os grandes meio de comunicação e para os dirigentes das escolas, que vendem a paixão de tantas comunidades. Mas, valente que sempre fomos, não só no discurso como na prática, afinal quantas ações já partiram desse coletivo visando buscar o direito à cidadania, como no apoio à diversas organizações que lutam pelo seu direito, à moradia, à educação, à alimentação e à cultura, não podemos nos render e vamos assoprar esta brasa até que a chama volte a aquecer nossos anseios de um país mais justos e sem classes.
Não podemos deixar morrer o Sarau do Binho. É hora de mostrar a força dos coletivos culturais e sociais de São Paulo e do Brasil. Contamos com o apoio de todos.

Serginho Poeta

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